segunda-feira, 9 de julho de 2012

DIA 6 - 17/04/12 - PUCÓN "Um dia nas alturas!"

Às 5h30 já estávamos de pé, pois no dia anterior havíamos fechado o passeio para o Vulcán Villarrica e Los Pozones (40.000 CLP os dois – R$ 174,85) e, para a subida ao Vulcán teríamos que estar às 6h30 na agência de turismo Informaciones, na Av. Bernardo O’Higgins.Como iríamos sair muito cedo do hostel, Silvana deixou umas comidinhas preparadas para que não saíssemos sem comer nada.Conforme orientação do pessoal da agência, levamos bastante água, suco de caixinha, maní (amendoins) e chocolate Costa Milk (915 CLP = R$ 4,00 em qualquer mercado), que é booooom demais!
Fomos para agência lnformaciones a pé, na rua ainda estava muuuito escuro, em Pucón o dia só começa clarear por volta das 8h00.
Chegamos no horário combinado e logo trataram de nos entregar os equipamentos: botas para neve, roupa corta vento, capacete, piolet (espécie de machadinho), polainas, grampones, mochila.
Uma van nos levou até a base do vulcão, percurso que durou, aproximadamente, uns 50 minutos. Chegando lá já era possível avistá-lo com toda a sua magnitude, com seus quase 2.900m de altura.




Subimos a primeira parte de teleférico (5.000 CLP – R$ 21,85), foram 10 minutos que substituíram 1 hora de caminhada.



Atenção: se você não quiser ficar com os dedos roxos, imóveis e doloridos compre um par de luvas descentes, específicas para esportes de neve. Na hora em que estávamos subindo o vulcão no teleférico com aquelas luvinhas de lã que a gente usa no inverno aqui do Brasil e morrendo de dor nos dedos, o Maurício e eu lamentamos por não ter comprado luvas descentes quando fomos ao Shopping Arauco em Santiango (4.500CLP – R$ 19,00). Pelo menos isso tirou o foco do medo que a gente estava de cair daquele teleférico (sem proteção frontal) sobre as pontudas rochas.
Se tiver amor às suas orelhas vá de touca e deixe-as bem protegidas, pois as pobrezinhas sofrem muito com o frio!
Descemos do teleférico e começamos a caminhada, andando por uma imensidão de rochas magmáticas.


O nosso grupo era grande, mais ou menos umas vinte pessoas, e logo foi se dividin
do entre os ágeis, os intermediários e nós! Logo o guia Mike ficou sendo o nosso guia exclusivo... rs!!!
Fazíamos pequenas paradas para tomar fôlego e descansar um pouco, pois a subida era bastante íngreme em alguns pontos.



A medida que íamos subindo, ia ficando mais escorregadio, pois haviam pequenas formações de gelo nas rochas.
Haviam algumas florezinhas totalmente congeladas em seu próprio formato, pareciam estar dentro de um vidro, muito bonito. Lamentei não ter fotografado.
Chegamos ao ponto de início da neve mais ou menos umas 10 horas e paramos para descansar, tomar água, suco, comer chocolate e maní.


A vista dali é linda...

Daqui é possível avistar o Lago Villarrica



O Renan e a Márcia resolveram parar por ali mesmo.


Depois do descanso, o Maurício e eu nos preparamos para continuar a subida na neve, colocamos as polainas e os grampones nas botas.

Ficamos atentos à orientação de como seria a subida, quais os movimentos corretos e o que deveríamos fazer em caso de um escorregão, teve até um treinamento que, pra ser sincera, não valeu de quase nada, pois se isso acontecesse (Deus que nos livre!) seria necessário cravar o piolet na neve, jogar o peso do corpo sobre ele e levantar as pernas, caso o objetivo não fosse fraturá-las no meio do gelo. Naquele momento era muita informação, imagina pra transformar isso tudo em ação... o jeito foi prestar atenção pra tentar fazer as coisas direito.

Começamos a subida na neve e em pouco tempo já não dava mais pra ver a parte sem neve, tão pouco o restante do vulcão. Lá de cima, a impressão que dá é que você está sobre uma esfera, pois você não consegue ver o lugar de onde veio, o que se vê é um montão de picos de outras montanhas e a base de formações rochosas menores, acho que se cair, a pessoa desliza de modo a sair pela tangente, literalmente.
Sinceramente, isso me deixou um pouco insegura até que tivemos que passar por uma fenda profunda no meio do gelo, aí comecei a ficar com o maior medo mesmo.
Fiquei com uma vontade enorme de voltar, mas o guia explicou que daquele ponto não seria possível, teríamos que continuar a subida a fim de parar em um local seguro para só depois começar descer.
Enfim chegamos na base da última parte da subida do vulcão (mais ou menos 11h30), onde paramos para descansar mais um pouco e beber água. Dali já era possível ver bem de pertinho a fumacinha saindo do vulcão.


Estávamos, literalmente, sobre as nuvens!


Daquele ponto era possível avistar um outro vulcão que, segundo o guia, era mais alto do que o Vulcán Villarrica.


Eu estava morrendo de calor com toda aquela roupa, pois a subida havia sido muito difícil. Tirei a touca e a roupa corta vento por cinco segundos e já tive que vestir tudo de novo, pois o frio é muito intenso ali.. Segundo o guia, fazia 4ºC, mas a sensação térmica estava em torno de -3ºC por causa do vento.
Durante a parada fiquei com vontade de fazer xixi, fui até um cantinho atrás de umas rochas e fiz um xixizinho no vulcão!!! O difícil foi tirar aquele monte de calças... friiiiio!!!
Apesar do frio, o sol é bem forte (leve filtro solar), as cores do céu e das roxas são muito vibrantes o que dá um contraste super bonito com a neve. Nossa, por mais que eu tente não dá pra explicar o quão tudo aquilo é bonito.


O guia falou que havíamos subido 2/3 do vulcão e que para chegarmos até a cratera seriam mais 50 minutos de caminhada sobre as rochas e mais 40 minutos sobre a neve, por um solo ainda mais inclinado do que o que já havíamos subido. Fiquei morrendo de vontade de prosseguir, mas teria que descansar no mínimo por uns 20 minutos pra conseguir continuar (a parada foi de uns 10 minutos).
Naquele momento a parada para descanso não poderia ser muito longa, pois todo o grupo teria que estar de volta (no ponto de partida inicial) até às 14h30. É uma norma local, para que, se houver algum acidente, ainda esteja claro para que as equipes de busca possam trabalhar.
Na verdade estava com muito medo por causa da última parte da subida e já estava começando a ficar rodeada de pensamentos negativos, acho que de qualquer maneira teria parado por ali mesmo.
Gostaria muito de ter chegado até a cratera, entretanto, nessas horas acredito que o mais inteligente a se fazer é reconhecer os limites do nosso corpo e da nossa mente.
Não posso deixar de falar do meu marido, super companheiro de todas as horas que, mesmo não querendo se aventurar por caminhos além da neve, foi comigo, sem pensar duas vezes, só para que eu não fosse sozinha. Meu bem, te amo!
No momento da descida fomos guiados pelo Cristóbal, pois o nosso guia até então, o Mike, continuou a subida.


Cristóbal é um garoto super gente fina, conversamos durante toda a descida e depois de nos juntar ao Renan e a Márcia no ponto de início da neve continuamos conversando com ele e com um casal de Pernambucanos que conhecemos naquele momento.
Chegamos até o teleférico às 13h30, mas não foi possível descer por ele. Bebemos mais água, comemos mais chocolate e maní (aliás, só comemos isso o dia todo!). Todo o grupo estava nesse lugar, aguardando os que ainda estavam descendo. Havia pessoas de diversos lugares do mundo.


Depois continuamos a descida pelo cascalho vulcânico (o caminho deixado pela lava). Muito divertido, descíamos como se estivéssemos patinando, escorregando, caindo, muito bom!
Chegando na base do vulcão entrei no modo natureza, deitei no chão e descansei ali mesmo, sem me importar com mais nada, momento relax total!


Nós quatro ficamos conversando com o Cristóbal até a chegada do nosso carro.
Chegamos na agência de turismo às 16h30 e devolvemos todos os equipamentos.
Passamos na Calle Frésia pra ver se tinha algum restaurante aberto, mas estávamos fora do horário (lembra do post do dia anterior???), passamos por outras calles, mas nada feito, tudo fechado.
Voltamos para o hostel sem comer nada mesmo, para tomar banho e descansar um pouco para à noite ir em Los Pozones. Estávamos tãããão cansados que nem sofremos muito por não ter comido. Apesar de que todo aquele maní e chocolate deu uma boa sustentada.

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No Hostel Refúgio Península tem a Globo Internacional, passam novelas e mini séries que já passaram no Brasil o dia que Deus deu! Pra quem gosta é um prato cheio!!!

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Acordamos no início da noite e às 20 hora estávamos em frente a agência Informaciones esperando a van que nos levaria até Los Pozones. Demorou uns 40 minutos para que chegássemos ao nosso destino.


Los Pozones consistem em 5 piscinas naturais (feitas de rochas) onde tem água quentinha, quentinha!


As piscinas tem profundidades diferentes, sendo que, quanto mais rasa, mais quente. A mais profunda deve ter cerca de 1,40m, foi nela que ficamos.


Ao lado passa um rio de águas geladíssimas, o Rio Liucura, uma pessoa que trabalha nessa terma nos explicou que parte da água vem desse rio e a outra parte da água, que é bem quente, vem de outro lugar que não consegui compreender de onde. Se alguém souber me fala, porque estou curiosa até hoje! Elas se misturam nas piscinas e mantém uma temperatura agradável para o banho.
Lá é bastante escuro...


... e bastante frio também, como todo o resto da cidade.
Tem uma casinha sobre palafitas que fica dentro da segunda maior piscina (que fica ao lado da que ficamos), lá você pode trocar de roupa dentro das cabininhas com portas bem pequenas (você fica com os pés e a cabeça a vista enquanto se troca!).
O difícil é que fazia muito frio, quando chegamos estávamos bem agasalhados, com casacos pesados, ter que andar da casinha até a piscina só com roupa de banho foi sofrido!!! Mas depois de mergulhar não dá mais vontade der sair, é otimo!
Ficamos lá fazendo imersão por 1h30, muito relaxante, não poderíamos ter feito algo melhor para relaxar após a escalada ao vulcão.
O único incômodo foi ter que sair da água quentinha e encarar (molhados) o percurso até a casinha, naquele frio. Mas no geral foi muito bom!
Às 23h formos embora, com o maior soninho!!!
Quando chegamos, estávamos indo em direção ao Cassino Enjoy para comer alguma coisa (lembrando que até então só havíamos comido amendoim e chocolate, lembra?), mas para nossa surpresa, estava acontecendo um jogo de futebol (acho que importante) e havia um restaurante na Calle Ansorena, ainda aberto nesse horário, o Coppa Kabana (huuuum, nome familiar!!!).
Lá, todos nós pedimos bife a lo pobre (bife, huevos fritos, cebolla e papas fritas), gastamos 5.500 CLP (R$ 24,00) cada um, já com as bebidas. Comida caseira super gostosa.
Nos arrastamos até o hostel.
No dia seguinte deixaríamos Pucón em direção a Puerto Varas.

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Pucón é uma cidade maravilhosa, fiquei com vontade de ficar lá pra sempre. Uma cidade linda, limpa, segura. Quero voltar um dia...